28 de junho –  um triste aniversário de um ano desde que as denúncias de assédio moral e sexual contra Pedro Guimarães, na época presidente da Caixa Econômica Federal, vieram à tona. É lamentável constatar que, até o momento, nenhuma punição foi aplicada ao responsável por esses atos condenáveis. Foi por meio de uma reportagem veiculada na imprensa no 28 de junho de 2022, que a sociedade brasileira tomou conhecimento das repugnantes acusações contra o ocupante do mais alto cargo no maior banco público da América Latina.

"Ele passou a mão em mim", "Ele pegou na minha bunda" e "Passou a mão no meu peito" são relatos corajosos das vítimas, mulheres que decidiram romper o silêncio e expor o crime. Enquanto elas permanecem sob anonimato, Guimarães continua a se exibir publicamente no Congresso e, mais recentemente, em transmissões ao vivo nas redes sociais, como se não devesse qualquer explicação à sociedade. Convivemos, há um ano, com essa sensação de que "alguma coisa está fora da ordem", como afirmou Caetano Veloso, em sua canção.

Somente em março de 2023, o acusado se tornou réu após a Justiça Federal acatar a denúncia do Ministério Público. Desde então, os casos caíram em completo silêncio. A única celebração que ocorreu foi por parte da defesa de Guimarães, que considerou uma vitória a multa de R$ 10 milhões imposta pela Justiça.

Curiosamente ou não, após as denúncias das empregadas da Caixa, surgiram outras denúncias em empresas como a Petrobras e o Ministério Público de São Paulo. Esses eventos desencadearam projetos de lei no Congresso e ações do Tribunal de Contas da União (TCU) para avaliar os mecanismos de prevenção e combate ao assédio no setor público. No governo federal, o presidente Lula deu início ao projeto de ratificação da Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que tem como objetivo eliminar a violência e o assédio no mundo do trabalho.

Como entidade em defesa dos trabalhadores da Caixa e, acima de tudo, dos direitos humanos, nós da Fenae apoiamos todas essas ações. No entanto, acreditamos que nenhuma delas irá prosperar se não houver uma punição rigorosa para aqueles que praticam o assédio. Pedro Guimarães pode estar confiante em sua impunidade, mas apesar da demora, a Fenae mantém a confiança na infalibilidade da Justiça.

Texto publicado originalmente pela Revista Fórum no dia 28 de junho de 2023