Nos últimos anos, muito se questionou se a Funcef teria condições de atingir uma meta atuarial mais alta, diante dos déficits registrados pela Fundação. Essa visão, no entanto, desconsidera o próprio histórico da rentabilidade acumulada pelos ativos de investimentos dos planos de benefícios, o cenário econômico atual, a composição da carteira de investimentos e o potencial de ganhos acima da meta.

Com a recente adequação aplicada a partir de 2025, a meta atuarial passou a ser de 4,75% + INPC para o REG/Replan Saldado e de 4,85% + INPC para os demais planos. A mudança foi defendida pela Fenae, Contraf-CUT e Anapar como alternativa para reduzir o déficit e as contribuições extraordinárias, sem retirada de direitos. A medida funciona porque quando a taxa de desconto aumenta, o valor que a Funcef deve ter no presente para cumprir as obrigações futuras diminui, melhorando o equilíbrio atuarial.


O argumento de que “se não se atingia a meta antiga, menos ainda se atingirá a nova” não se sustenta quando se observa um levantamento feito pelo Dieese, a pedido da Fenae. O gráfico de rentabilidade do REG/Replan Saldado mostra que, entre 2017 e 2024, mesmo a meta anterior à redução de 2017, de 5,51% + INPC, teria sido alcançada. 

Grafico Dieese rent 2017.jpeg

Essa ideia também ignora que, atualmente, mais de 70% dos investimentos da Funcef hoje estão alocados em renda fixa, com taxa média de retorno de quase 6% + INPC, bem superior às metas. No cenário atual, as novas aplicações em renda fixa estão sendo contratadas a taxas superiores à 7% + INPC. Segundo a Fundação, no primeiro semestre de 2025, todos os planos acumularam rentabilidade superior às metas.

Buscando a chamada "imunização" da carteira de investimentos, a Funcef tem reforçado a estratégia de investir em títulos públicos de longo prazo (NTN-Bs) marcados na curva, ou seja, sem exposição à volatilidade do mercado. Isso garante rentabilidade composta pela inflação do período + 7,45%, percentual bem acima da meta atuarial vigente dos planos, com os vencimentos dos títulos alinhados à necessidade de caixa para realizar o pagamento dos benefícios.

A adequação da meta a partir de 2025 já gerou impacto positivo de quase R$ 2 bilhões no resultado da Fundação. Esse efeito ocorre porque uma meta mais alta reduz o valor presente das obrigações futuras, melhorando o equilíbrio atuarial e diminuindo a necessidade de contribuições extraordinárias. No REG/Replan Saldado, esse resultado reforça que a adequação para 4,75% + INPC vem contribuindo para a redução do déficit.