Entrevistas


O desafio de reconstruir o Brasil é uma tarefa de todos, diz Lula em coletiva de imprensa

26.08.21

“Teremos que reconstruir o Brasil, e essa é uma tarefa de todos”. Essa foi a tônica da análise do ex-presidente Lula, na manhã de ontem, quarta-feira (25), em sua visita ao Rio Grande do Norte, onde avaliou os aspectos mais graves da crise gerada pelo atual governo, começando pela gestão criminosa da pandemia e indo até o desmonte do Estado. “Nós estamos vivendo uma crise sanitária jamais vista. Parte dela poderia ter sido evitada se tivéssemos um governo que tivesse preocupado com a saúde do nosso povo. Não seria difícil ter evitado os males que a pandemia causou ao Brasil se nós tivéssemos feito aquilo que toda sociedade civilizada fez e que todos os governantes civilizados fizeram. Ao contrário do que fizeram os governadores, o governo federal continua fazendo bravata com a pandemia. O presidente continua não usando máscara, incentivando aglomeração, desacreditando a ciência e tripudiando das pessoas”, disse. 

Além da crise pandêmica, Lula apontou outras de extrema gravidade, como a crise na educação, na ciência e tecnologia e na cultura, pioradas por um governo que se recusa a conversar com todos os setores da sociedade e só desmonta o Estado brasileiro.  

“Acho uma ação criminosa a tentativa de eles destruírem toda a Petrobras em toda a região Nordeste”, disse o ex-presidente ao lembrar que no século 19 foi encontrado petróleo no território potiguar. Lula citou o exemplo da Petrobras para afirmar que, em momentos de crise a estatal é fundamental para induzir, por meio de investimentos, a retomada do crescimento. “Aqui, a Petrobras tem muito a ver com o crescimento do estado. A gente tem que pensar na Petrobras não apenas como uma empresa de petróleo, gás ou de óleo, a gente tem que pensar na Petrobras como a empresa com maior capacidade de investimento no desenvolvimento deste país”, afirmou Lula que considera criminosos o desmonte e venda da Petrobras. 

Antes de encerrar sua coletiva para a imprensa, Lula apontou como graves o desemprego, que atinge 15 milhões de pessoas, sem somar os informais, e a fome, que afeta 19 milhões de brasileiros. “Nós tínhamos acabado com a fome, o que foi reconhecido pela ONU em 2012. A fome voltou e ela está aí mais grave do que nunca em todos os estados da Federação. Não é possível admitir que o terceiro produtor de alimentos do planeta, o maior exportador de proteína animal do mundo, presencie uma mulher indo a um açougue pegar um osso para tentar fazer uma mistura para sua família comer”, disse emocionado.  

Falta de estratégia para superar a crise  

A pernambucana e ex-presidente da Caixa, Maria Fernanda Coelho, que conduziu programas como o Minha Casa Minha Vida e o Programa de Aceleração do Crescimento e é atualmente a subsecretária de Programa do Consórcio Nordeste disse, em entrevista concedida à Fenae, que a situação é muito grave desde que o governo Bolsonaro assumiu com o Pedro Guimarães à frente do banco público. 

“Nós temos visto que todo o resultado da Caixa, praticamente se baseia na venda de ativos. A instituição está se desfazendo de vários ativos estratégicos fundamentais para a sua estruturação. É muito grave, porque compromete a sustentabilidade da empresa a sua capacidade de gerar novos programas, novos produtos e se colocar como a instituição é de fato, estratégica para o Estado brasileiro, para a população brasileira e para os trabalhadores”, disse a ex-presidenta.  

Maria Fernanda ressaltou o papel fundamental da Caixa durante o pagamento do auxílio emergencial durante toda a pandemia e diz acompanhar com muita preocupação a falta de estratégia para superar os gravíssimos problemas que o Brasil tem vivido, como a fome, com milhões de pessoas vivendo em situação de insegurança alimentar. “A Caixa é uma instituição absolutamente estratégica. Em 2008, com o presidente Lula, nós vimos que para superar a crise econômica foram lançados programas importantes, entre eles ‘Minha Casa, Minha Vida’”, explicou Coelho ao externar sua preocupação com a atuação que o presidente da Caixa vem tomando, sem estratégia nenhuma. 

Programa Nordeste Acolhe 

A subsecretária de Programa do Consórcio Nordeste marcou presença no evento que ocorreu após a coletiva do ex-presidente Lula, onde o Consórcio Nordeste e a Câmara de Assistência Social do Consórcio Nordeste realizaram um ato de lançamento do “Programa Nordeste Acolhe”, com a presença dos governadores do consórcio e da governadora do RN, Fátima Bezerra, que lidera a Câmara Temática.  

O programa consiste em uma linha de ação relativa à acolhida e proteção a populações vulneráveis, que tem entre os segmentos mais fragilizados as crianças e adolescentes ‘órfãos da Covid-19’, além da necessidade de proteger a população em situação de rua; os migrantes e refugiados; e as mulheres vítimas de violência.