Em live, nesta terça-feira (5), a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) apresentou os dados detalhados da pesquisa sobre condições de trabalho, realizada entre os dias 17 e 24 de outubro, com tesoureiros, caixas e avaliadores de penhor que atuam no banco.  Clique aqui e acesse a íntegra do debate.

Atualmente, as representações dos empregados e o banco estão dando continuidade às negociações de questões específicas dessas funções, que foram apartadas durante a Campanha Nacional dos Bancários deste ano para serem debatidas em até 50 dias após a aprovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da Caixa.

“Nós lutamos desde o início para o fim das funções de caixa e tesoureiro por minuto, porque entendemos que isso (esse tipo de nomeação) é um grande equívoco por parte da empresa e que os trabalhadores precisam ter tranquilidade para exercerem suas atividades. Queremos que os trabalhadores e trabalhadoras tenham garantia de ter uma remuneração pelo trabalho que exercem. Somos contra esses desvios, queremos a efetividade da nomeação desses trabalhadores”, destacou Sergio Takemoto, presidente da Fenae.

A live contou também com a participação do diretor de Saúde e Previdência da Fenae, Leonardo Quadros; da coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) e diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramos Financeiro (Contraf-CUT), Eliana Brasil; do representante da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe e diretor da Fenae, Emanoel Souza; e da presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará e membro da CEE, Tatiana Oliveira.

Números da Pesquisa

O levantamento, composto por 29 perguntas, traçou o perfil dos 3.980 respondentes e aprofundou questões sobre condições de trabalho, expectativas de carreira, ações judiciais, impacto das novas tecnologias e o futuro das funções.  

Os dados revelaram que 38% dos caixas (efetivos ou por prazo/minuto) acumulam também a função de tesoureiro, seja de forma habitual ou esporádica. 

Outro dado apresentado é que 17% dos empregados declararam exercer suas funções por minuto/prazo de maneira habitual, devido à ausência de titulares designados. 

O levantamento ainda aponta que 60% dos respondentes informaram que exercem atividades não previstas em suas atribuições, configurando desvio de função.

Outro dado importante é que quase 70% dos empregados, que responderam a pesquisa, declararam estar sobrecarregados na função que exercem, tanto física quanto mentalmente.

Em relação a expectativa da carreira, 36% apontam como prioridade retorno das nomeações efetivas, 30% -melhoria da remuneração, 12% -melhoria das condições de trabalho, 10% -encarreiramento e 8% redução da jornada de trabalho.

“Por meio dessa pesquisa, conseguimos identificar um número expressivo de unidades que não possuem trabalhador designado para função de caixa ou tesoureiro e a partir daí a gente consegue avaliar melhor a quantidade de funções que precisamos reivindicar para que não haja nenhuma agência sem caixa ou tesoureiro sem estar designado de forma efetiva”, explicou Leonardo Quadros. 

O diretor de Saúde e Previdência da Fenae apresentou, durante a live, as informações sobre a pesquisa. Ele lembrou que a designação de função por minuto ou prazo era algo para ser temporário, mas se tornou permanente na Caixa.

Quadros reforçou a necessidade de o banco fornecer os dados completos de como está o exercício dessas funções em todo o país, informando não somente os que exercem de forma efetivo, mas o que estão atuando de forma precária, ou seja, por prazo ou minuto.

“Os empregados precisam de segurança para trabalhar e a segurança é a designação efetiva. Esperamos que os empregados sejam valorizados com uma proposta que garanta direitos e retorne com as nomeações efetivas”, reforçou o diretor da Fenae.

Negociações

A coordenadora da CEE/Caixa, Eliana Brasil, destacou a importância da pesquisa para subsidiar as negociações com o banco. Ela lembrou que já ocorreram três mesas para debater as questões específicas de caixas, tesoureiros e avaliadores de penhor, mas o impasse continua.

Na primeira mesa, a Caixa apresentou as mesmas propostas da campanha nacional, como 500 designações para caixas e tesoureiros. Na segunda reunião, o banco aumentou o número de novas nomeações efetivas para 750, argumentando que nenhuma agência que trabalhe com numerários ficará sem empregados nomeados de forma efetiva.

A forma e os critérios para a seleção dos nomeados, de forma a garantir que quem exerce as atividades por minuto, ou prazo, sejam efetivados, serão debatidos em GT bipartite. A CEE ressaltou a importância de o banco informar o número de empregadas e empregados que exercem as funções de caixa, tesoureiros e avaliadores de penhor por prazo e por minuto. O banco, mais uma vez, se recusou a apresentar os números.

O debate prosseguiu nesta terça (5), mas como o banco não apresentou as informações solicitadas pela comissão e não garantiu a nomeação efetiva para todos que trabalham por prazo e por minuto, a negociação continua emperrada e nova reunião ficou agendada para 18 de novembro.

“Nós queremos garantias de que nenhum trabalhador fique sem efetivação e que seja remunerado pelo tempo que está exercendo a função por minuto. Não vamos aceitar a retirada de direitos”, frisou Eliana Brasil.

Na avaliação de Emanoel Souza, “é perceptível que exista um número muito grande de trabalhadores que estão nomeados por prazo e minuteiros (por minuto) frequentes. Precisamos de dados concretos sobre os trabalhadores que exercem as funções hoje, para fazer a negociação e construir uma proposta para contemplar os empregados. Nós queremos garantias. Não pode ser promessa ou compromisso”.

A presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará disse que as representações sindicais apostam no processo negocial para buscar melhorias nas condições de trabalho no banco. “Esse capítulo não se encerra agora, temos nova mesa no dia 18. Não depende só de nós e da nossa mobilização, mas da vontade da caixa de garantir mais direitos aos trabalhadores”, reforçou Tatiana Oliveira.