Com o objetivo de apresentar os resultados da última reunião do Grupo de Trabalho (GT) Saúde Caixa, a Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa) realizou, nesta quarta-feira (13), a live "Saúde Caixa - Atualizações do GT e Resultados do Plano". O evento transmitido pelo YouTube trouxe informações sobre os resultados do plano, que atende, até agosto deste ano, mais de 277 mil usuários. Entre os principais pontos discutidos, foram apresentadas as receitas arrecadadas, o aumento nas despesas, especialmente em internações, e os desafios para a sustentabilidade e qualidade do Saúde Caixa.

Participaram do debate Leonardo Quadros, diretor de Saúde e Previdência da Fenae e presidente da Apcef/SP; Rita Lima, diretora de Assuntos de Aposentados e Pensionistas da Fenae; Ronan Teixeira, representante do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo (SEEB-ES) e membro do GT; Albucacis Pereira, assessor da Fenae; e Samantha Almeida, do Sindicato dos Bancários de Curitiba e integrante do GT Saúde Caixa.

Leonardo Quadros iniciou a apresentação com uma análise dos resultados financeiros. Segundo ele, apesar de um aumento expressivo nas receitas de mensalidades e coparticipações, de mais de 56%, o Saúde Caixa enfrenta um déficit significativo, que atinge R$ 311 milhões até agosto deste ano. Esse cenário, explicou ele, reflete o alto crescimento das despesas assistenciais acima do que foi projetado, e esse aumento concentra-se principalmente nas despesas internações, que cresceram quase 34% no último ano.

 “Conseguimos observar dois fatores: um aumento significativo das receitas, oriundo do aumento na mensalidade dos dependentes, mas que foi insuficiente, já que o crescimento das despesas foi superior ao que havia sido projetado. É necessário que haja aumento de receitas por parte da Caixa, mantenedora do plano, e também que haja gestão mais eficiente, para reduzir as despesas sem comprometer a qualidade do atendimento. Este aumento da eficiência é fundamental, já que somos responsáveis por contribuir com 30% das despesas do plano. É um desafio que requer atenção constante”, destacou. 

Em seguida, Albucacis Pereira destacou a necessidade de fortalecer a prevenção e os cuidados com a saúde dos empregados da Caixa, mencionando a importância de programas que reduzam a incidência de internações. “O Saúde Caixa é um excelente plano, mas precisamos investir mais em prevenção. O aumento nas internações é preocupante e mostra que falta uma política de cuidado preventivo mais eficaz, que preserve a saúde dos empregados e também os recursos do plano”, alertou o assessor da Fenae. 

Ronan Teixeira, membro do grupo de trabalho e do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo, destacou a cobrança feita pelo GT para que a Caixa cumpra o compromisso assumido na última campanha salarial de instalar os Comitês de Credenciamento e Descredenciamento. Os números apresentados no retorno do GT Saúde mostraram a necessidade urgente de eliminar o teto presente no estatuto do banco, de 6,5% da folha para a cobertura das despesas com o plano, aplicando a divisão do custeio em 70/30 de forma incondicional, além de melhorar a gestão do plano, com foco em políticas preventivas. 

Ele também destacou a proposta da Caixa de criar apenas oito comitês regionais, compostos por quatro representantes da Caixa e quatro dos trabalhadores, com reuniões semestrais, que, segundo Ronan, foi considerada insatisfatória. “Essa configuração não contempla a diversidade e a realidade das diferentes localidades do país. Apresentaremos uma contraproposta, com comitês estaduais, reuniões mais frequentes e uma representação da Caixa mais diversificada, incluindo setores que lidam diretamente com o atendimento e com a realidade local”, disse. De acordo com Ronan, durante a reunião com a Caixa, foi enfatizada ainda a importância de uma representação local efetiva, visto que a falta de credenciados em várias regiões, especialmente no interior, gera dificuldades de acesso e aumenta os custos do plano, que passa a arcar com reembolsos integrais nas regiões sem credenciamento.

Samantha Almeida, do Sindicato dos Bancários de Curitiba e integrante do GT Saúde Caixa, explicou que, como funcionária admitida após 2018, atualmente ela não possui o direito a permanecer com o plano na aposentadoria dividindo o custeio com o banco. Por isso, o grupo de trabalho cobra que a Caixa estenda este direito aos empregados admitidos após 2018. Samanta destacou que essa inclusão é essencial para manter os princípios de pacto intergeracional, solidariedade e mutualismo, que são a base do Saúde Caixa. Outro ponto abordado foi a necessidade de uma nova pesquisa de satisfação entre os usuários do plano. 

“A última pesquisa apresentada foi feita em 2022 e, desde então, os trabalhadores têm solicitado uma atualização. Uma pesquisa realizada em paralelo pela Fenae e APCEF/SP identificou com mais detalhes a carência de especialidades em cada estado. Embora a Caixa tenha realizado uma pesquisa em 2023, até agora o relatório não foi compartilhado conosco. Uma pesquisa é fundamental para entender as principais carências e insatisfações dos usuários e permitir que ações de melhoria sejam acompanhadas e avaliadas”, reforçou.

Segundo Samanta, a Caixa informou que a nova pesquisa será aplicada até o dia 2 de dezembro, e o GT cobrará que os resultados sejam apresentados assim que disponíveis, permitindo a construção de um Saúde Caixa mais eficiente para todos.

Rita Lima, diretora de Assuntos de Aposentados e Pensionistas da Fenae, iniciou saudando os presentes, além de destacar o papel da Fenae nas negociações. Enfatizou a importância de manter a qualidade do Saúde Caixa sem aumentar os custos para os usuários, defendendo princípios históricos como a solidariedade e o pacto intergeracional. Ela destacou a necessidade de manter a solidariedade do plano de saúde e criticou a falta de novas contratações, o que prejudica a entrada de novos usuários e compromete o equilíbrio do plano.

“Para equilibrar o financiamento do plano, é crucial que as novas contribuições venham da Caixa, sem onerar os usuários. A empresa precisa assumir uma postura responsável de custeio, que inclua também um compromisso com a saúde dos trabalhadores e da sociedade. Além disso, deve-se pressionar pela remoção do limite de custeio do estatuto, buscando que a Caixa retome a responsabilidade de cobrir 70% dos custos sem qualquer condicionante, especialmente para evitar um cenário de estagnação do atendimento”, afirmou Rita Lima. Ela apontou que essa luta não é exclusiva dos empregados ativos, mas também dos aposentados, e que a garantia de um atendimento de qualidade depende de uma representação eficaz para todos, incluindo os aposentados. 

A live promovida pela Fenae destacou a complexidade do cenário atual do Saúde Caixa e a necessidade de medidas urgentes para garantir o equilíbrio financeiro do plano. A participação de representantes dos trabalhadores da Caixa reforçou a importância do diálogo e da atuação conjunta entre as entidades, para que o Saúde Caixa continue sendo um plano de qualidade, acessível e sustentável a longo prazo. A transmissão completa, as perguntas enviadas pelos usuários e as respostas dos participantes podem ser acessadas no YouTube da Fenae, através deste link