Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e as Associações do Pessoal da Caixa (Apcefs) elegeram as delegadas e definiram as propostas que serão levadas para debate na 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que acontecerá em Brasília, de 16 a 19 de setembro. A escolha ocorreu durante a Conferência Livre de Mulheres Fenae e Apcefs, realizada na manhã desta quinta-feira (14), em Fortaleza (CE), em paralelo às atividades dos Jogos Regionais do Nordeste, que seguem na cidade até domingo (17).

Com o tema “Conferência Fenae Com Elas: equidade, direitos e justiça para todas”, o evento reuniu mais de 100 mulheres de todo o Brasil, presencial e virtualmente, para discutir pautas urgentes e contribuir para a construção de políticas públicas, pelo governo federal, que respondam às reais demandas da população feminina no país.

O presidente da Fenae, Sergio Takemoto, participou da abertura da Conferência, ressaltando o alinhamento e o comprometimento da Federação com programas de empoderamento feminino e combate ao feminicídio, como a criação da Campanha Fenae com Elas. Takemoto enfatizou o papel da entidade na luta em defesa de direitos e igualdade, além da necessidade do apoio dos homens na luta. “Para nós, é motivo de enorme orgulho ver a realização dessa Conferência, que reafirma o compromisso da Fenae na luta contra o feminicídio e por mais espaço para as mulheres. A Conferência é um passo importante, mas sabemos que a luta continua e estamos juntos nessa jornada. A gente não constrói os espaços que nós temos que ocupar sem o apoio dos homens, sem a luta coletiva”, reforçou Takemoto.

A diretora de Políticas Sociais da Fenae, Rachel Weber, destacou a relevância das Conferências de mulheres como espaços democráticos para a pauta feminina, principalmente após anos de interrupção do debate.  “Estamos participando de uma construção coletiva que vai muito além de nós mesmas. É um resgate necessário para pautar o governo federal sobre o que as mulheres realmente querem, e para reafirmar que, no Brasil, ainda é perigoso ser mulher. Por isso, cada passo nessa retomada é fundamental”, reforçou a diretora.

A diretora da Fenae, Lourdes Barbosa , destacou a importância de parcerias estratégicas para fortalecer ações de empoderamento feminino e combate à violência contra a mulher. Durante sua fala, ela ressaltou o papel da Fenae, Apcefs e da ONG Moradia e Cidadania e de iniciativas como a Fenae com elas e a plataforma Fenae Transforma, que oferece cursos voltados à autonomia e à cidadania de mulheres em todo o país, por meio dos projetos sociais desenvolvidos. “Estamos presentes em todos os estados, apoiando 27 projetos sociais que já incorporam o enfrentamento à violência doméstica como prioridade. A plataforma Fenae Transforma é uma ferramenta poderosa para levar conhecimento e oportunidades às mulheres, com cursos que tratam de empreendedorismo, direitos, liberdade financeira e cidadania. Cada vida protegida e transformada é uma conquista que reafirma nosso compromisso com a dignidade e a igualdade”, destacou Lourdes.

Giselle Menezes, diretora de Impacto Social da entidade, destacou a importância do Edital 004 da Fenae, que incluiu o tema do empoderamento feminino nas ações de responsabilidade social, desenvolvidas em parceria com as Apcefs e a ONG Moradia e Cidadania, com destaque para os cursos oferecidos na plataforma da Fenae Transforma. “Propusemos esse tema do empoderamento feminino porque sentimos a necessidade de ampliar o conhecimento sobre como atuar em casos de violência. Em parceria com a LBS – Advogadas e Advogados –, desenvolvemos cursos voltados a fortalecer a autonomia das mulheres. A autonomia financeira é um ponto fundamental para que as mulheres consigam quebrar o ciclo da violência”, explicou.

Delegadas e propostas

Após os debates e a votação aberta, foram eleitas as três delegadas que representarão as entidades na 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres. São elas: Rachel Weber, diretora de Políticas Sociais da Fenae; Rita Lima, diretora de Assuntos de Aposentados e Pensionistas; e Fernanda Anjos, secretária de Mulheres da Contraf-CUT. As suplentes serão: Rosalba Loureiro de Oliveira, presidenta da Apcef/AM; Lourdes Bezerra, conselheira da Fenae; e Giselle Menezes, diretora de Impacto Social da Fenae.

As mulheres também votaram três propostas que levarão para debater na Conferência Nacional, que são elas: Fortalecimento de lideranças femininas nas comunidades; o Combate à violência contra a mulher no ambiente de trabalho; e Envelhecimento digno. 

Palestra 

Durante a Conferência, a advogada Luciana Barretto, fez uma palestra sobre a necessidade de discutir políticas públicas voltadas para o público feminino é também um ato de defesa da democracia. Representante do Escritório LBS Advogadas e Advogados, a profissional com mais de 20 anos de atuação na defesa dos direitos trabalhistas e das mulheres, alertou para o impacto do machismo estrutural, para a grave subnotificação dos casos de violência e destacou a importância da Lei Maria da Penha como marco no combate à violência de gênero. Luciana também apresentou orientações práticas sobre como registrar boletim de ocorrência, reunir provas e buscar apoio jurídico, psicológico e social.

“A violência contra a mulher não é um problema privado, é um problema estrutural da nossa sociedade. A Lei Maria da Penha rompe com a lógica patriarcal e garante instrumentos de proteção, mas ainda enfrentamos a subnotificação e a dificuldade de acesso aos direitos. Conhecer os caminhos para pedir ajuda é fundamental para salvar vidas”, reforçou.