Aconteceu na tarde desta quinta-feira (17), na capital paulista, a Conferência Livre de Mulheres: a luta pela igualdade salarial no ramo financeiro, organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). Essa foi uma das 12 conferências livres organizadas pelas mulheres do ramo financeiro no âmbito de um programa maior e que irá culminar na 5º Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (5ª CNPM), organizada pelo Ministério das Mulheres, entre os dias 29 de setembro e 1º de outubro, em Brasília.

“Empoderar as mulheres no debate político é lutar por um mundo melhor para todos os gêneros. O cenário é que os espaços de disputa política ainda são, em sua maioria, ocupados por homens. Mas nós, mulheres, somos 51% da população. Então, precisamos seguir lutando por uma sociedade justa e que será muito melhor para todo mundo”, observou a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, na abertura do evento.

Neiva Ribeiro, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, reforçou a relevância da presença das mulheres bancárias em espaços de debate e mobilização. "É muito importante estar numa conferência de mulheres bancárias. É uma das categorias que mais interfere no debate no mundo da classe trabalhadora brasileira", afirmou.

A dirigente ressaltou o papel estratégico das bancárias na construção de políticas que fortaleçam os direitos das mulheres e a luta por igualdade no setor financeiro e em toda a sociedade. "A participação ativa das trabalhadoras é fundamental para avançarmos na pauta sindical e combater as desigualdades", completou.

A secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes, aproveitou o evento para lançar a cartilha "Bancárias: uma história de luta", com o subtítulo "Construindo um mundo mais justo e sem desigualdade de gênero". "Esse trabalho contém uma importante linha do tempo das conquistas sociais e políticas das mulheres na sociedade. Esse olhar sobre a história é fundamental para nos lembrarmos de onde saímos e onde chegamos e a razão de muitas desigualdades persistem na sociedade. A título de exemplo, somente em 2002 caiu a lei de que a 'falta de virgindade' era motivo para anular casamento; e, em 2005, que o termo 'mulher honesta' foi retirado do código penal", destacou.

A diretora de Políticas Sociais da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa), Rachel Weber, também esteve presente na Conferência Livre de Mulheres. Para ela, “a desigualdade de gênero no setor financeiro não é uma abstração. Ela está presente nos salários, nas oportunidades e até no adoecimento das mulheres. Essa conferência reforça o compromisso de lutar por um ambiente mais justo, onde nossas vozes sejam ouvidas e respeitadas em todos os espaços”, destacou. 

Clique aqui para acessar o modelo digital da cartilha (por onde também é possível baixar o material em PDF).

Níveis de desigualdade
A economista e técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Vivian Machado, apresentou o quadro da desigualdade salarial no país: No mercado de trabalho brasileiro, mulheres recebem, em média 21% menos que homens; Em 2024, mulheres negras recebiam 53,7% menos que homens não negros.

Considerando somente a categoria bancária, a remuneração média das mulheres bancárias é 18,6% inferior à remuneração média dos homens bancários. E, ao analisar o recorte racial, verifica-se que a remuneração média das mulheres pretas é 37,7% inferior à remuneração média do bancário branco do sexo masculino.

Propostas para a 5ª CNPM

Após as mesas de debate, as participantes se dividiram em grupos de trabalho para a elaboração das propostas que serão levadas à 5º Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (5ª CNPM).

Os grupos foram mediados pela advogada e assessora jurídica da Contraf-CUT no projeto “Basta! Não irão nos Calar”, Phamela Godoy, e pela jornalista, especialista em políticas públicas, consultora em gênero, raça e diversidade, Malu Aquino.

A seguir, as propostas aprovadas:

- Instituir de forma obrigatória nas empresas públicas e de economia mista programas de combate ao assédio moral, sexual e violências de gênero com canais e protocolos seguros para denúncias e acolhimento de vítimas; (80 votos)
- Implantação de equipamentos públicos como cozinhas solidárias, lavandarias solidárias, creches públicas com horários flexíveis, centros de convivência para idosos e equipamentos similares de convivência para pessoas com deficiência, com foco no atendimento de mães solos, mães negras, mães LBTs, mães jovens, mães com deficiência ou mães de filhos com deficiência; (66 votos)
- Criar cota para que empresas sejam obrigadas a contratar mulheres a partir de 50 anos em toda sua diversidade; (votos 53)

Eleição das representantes

As participantes da Conferência Livre promovida pela Contraf-CUT também elegeram delegadas que irão defender as propostas aprovadas para a etapa nacional. Foram eleitas:

Como titulares

- Fernanda Lopes, secretária de Mulheres da Contraf-CUT/ branca
- Elaine Cutis, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT/ branca
- Renata Soeiro, diretora de Estudos e Planejamentos da Fetraf RJ/ES e dirigente da Seeb Baixada Fluminense/ negra

Como suplentes

- Paula Moreira, do Sindicato dos Bancários de BH/ negra
- Lusemir Carvalho, do Sindicato dos Bancários de Piauí/ parda
- Maria Gaia, do Sindicato dos Bancários do DF/ branca

Fonte: Fenae com informações da Contraf-CUT