No próximo dia 30 os brasileiros vão decidir quem vai comandar o país pelos próximos quatro anos. Mais do que a escolha de um candidato, o voto nessas eleições é um posicionamento sobre o Brasil que a população deseja no futuro. 

“O voto é uma ferramenta de transformação política e social do país. E é preciso ter consciência de que é uma escolha coletiva - que deve ser feita para o bem de toda a sociedade, para um desenvolvimento social justo e igualitário”, considera o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto.

Estão aptos a votar todos os cidadãos brasileiros acima de 16 anos. Para os eleitores acima de 70 anos, os que têm entre 16 e 18 anos e os analfabetos, o voto é facultativo. Mas nem sempre foi assim. O voto é uma longa conquista. Durante o Brasil Império, o voto não era secreto e esta era uma maneira de controlar o processo eleitoral.  Somente homens acima de 25 anos e com determinada renda podiam votar. Embora a República tenha alterado alguns direitos, a participação popular nas eleições não foi ampliada.

O período entre 1889 e 1930 e a Constituição de 1891 trouxe novas mudanças: tinham direito a voto os homens alfabetizados maiores de 21 anos. O voto passou a ser secreto, mas como a cédula era diferenciada por cada candidato, era facilmente identificável e controlável.

O voto feminino passou a ser permitido somente em 1932, com a elaboração do Código Eleitoral – ainda assim com muitas restrições. Hoje, as mulheres representam maioria dos eleitores do Brasil - 53%, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A ditadura militar cassou o direito do cidadão ao voto, além da perda dos direitos civis e democráticos dos brasileiros. Depois de serem escolhidos dentro das Forças Armadas, os presidentes militares eram eleitos indiretamente, por meio dos chamados colégios eleitorais.

Em 1984, já no final da ditadura, um importante movimento marcou a história do país – a campanha pelas Diretas Já, com a emenda Dante de Oliveira, para restabelecer as eleições diretas. O Congresso rejeitou a proposta, mas o movimento impulsionou a mobilização e a união de diferentes pensamentos políticos pela democracia por meio das eleições. E ainda ajudou a enfraquecer a ditadura militar. As eleições continuaram indiretas, mas em 1985 foi eleito um presidente civil – Tancredo Neves, que faleceu sem tomar posse.

A democracia foi restabelecida com a Constituição de 1988 – a Constituição Cidadã - e as eleições passaram a ser diretas a partir de 1989.

Pouco mais de 30 anos depois a ameaça à democracia volta a ser uma realidade. “Os ataques aos direitos, à liberdade de pensamento, à separação dos poderes, às políticas sociais e à soberania do país estão deixando nossa democracia cada vez mais fragilizada”, avalia o presidente da Fenae. "Passamos por um momento muito difícil. As políticas do governo atual buscam adequar o setor público ao privado. O que está em jogo é a nossa democracia e o futuro da soberania do povo. Precisamos lutar por um país melhor, pela democracia, direitos iguais e diversidade", reforçou Takemoto.